Mesmo
com o texto em primeira pessoa e sem citar nomes ou identificar o personagem
com alguém, o jornalista José Cristian Góes foi condenado a sete meses e 16
dias de detenção em Sergipe. O crime não poderia ter sido mais terrível:
escreveu uma crônica ficcional sobre o coronelismo. Isso mesmo!
Certamente algum ‘coronel’ se identificou com o texto e ‘mandou brasa’ pra cima
do autor do texto. Quem?
Ora,
o único que achou que fosse pra ele o texto foi nada mais nada menos que ... o cunhado
do Governador Marcelo Deda, o desembargador e vice-presidente do Tribunal de
Justiça Edson Ulisses. Será que ele se acha um ‘coronel’?
Mesmo com o texto em primeira pessoa e sem citar nomes ou identificar o personagem com alguém, o jornalista José Cristian Góes foi condenado a sete meses e 16 dias de detenção em Sergipe. O crime não poderia ter sido mais terrível: escreveu uma crônica ficcional sobre o coronelismo. Isso mesmo! Certamente algum ‘coronel’ se identificou com o texto e ‘mandou brasa’ pra cima do autor do texto. Quem?
Ora, o único que achou que fosse pra ele o texto foi nada mais nada menos que ... o cunhado do Governador Marcelo Deda, o desembargador e vice-presidente do Tribunal de Justiça Edson Ulisses. Será que ele se acha um ‘coronel’?
O
desembargador disse ter se sentido pessoalmente ofendido pela expressão
“jagunço das leis” e pediu a prisão do jornalista por injúria. Quem
assinou a condenação absurda? O juiz substituto Luiz Eduardo Araújo Portela do
Juizado Especial Criminal em Aracaju.
“O
desembargador Edson Ulisses, cunhado do governador Marcelo Déda (PT), alegou
que a crônica literária intitulada “Eu, o coronel em mim”, escrita pelo
jornalista Cristian Góes em maio de 2012 em seu blog, ataca diretamente o
governador de Sergipe e a ele, por consequência. Por isso, ingressou com duas
ações judiciais. Na criminal, o desembargador pedia a prisão de quatro anos do
jornalista. Na ação cível, solicita que o juiz estabeleça um valor de
indenização por danos morais e já estipula os honorários dos seus advogados em
R$ 25 mil. Numa audiência, o desembargador afirma: “Todo mundo sabe que ele
escreveu contra o governador e contra mim. Não tem nomes e nem precisa, mas
todo mundo sabe que o texto ataca Déda e a mim”.” (Pragmatismo Político)
Vejam
o texto e tire suas conclusões sobre a atitude do magistrado:
“Eu,
o coronel em mim
Mando
e desmando. Faço e desfaço
Está
cada vez mais difícil manter uma aparência de que sou um homem democrático. Não
sou assim, e, no fundo, todos vocês sabem disso. Eu mando e desmando. Faço e
desfaço. Tudo de acordo com minha vontade. Não admito ser contrariado no meu
querer. Sou inteligente, autoritário e
vingativo. E daí?
No
entanto, por conta de uma democracia de fachada, sou obrigado a manter também
uma fachada do que não sou. Não suporto cheiro de povo, reivindicações e nem
com versa de direitos. Por isso, agora, vocês estão sabendo o porquê apareço na
mídia, às vezes, com cara meio enfezada: é essa tal obrigação de parecer
democrático.
Minha
fazenda cresceu demais. Deixou os limites da capital e ganhou o estado. Chegou
muita gente e o controle fica mais difícil. Por isso, preciso manter minha
autoridade. Sou eu quem tem o dinheiro, apesar de alguns pensarem que o
dinheiro é público. Sou eu o patrão maior. Sou eu quem nomeia, quem demite. Sou
eu quem contrata bajuladores, capangas, serviçais de todos os níveis e bobos da
corte para todos os gostos.
Apesar
desse poder divino sou obrigado a me submeter à eleições, um absurdo. Mas é
outra fachada. Com tanto poder, com tanto dinheiro, com a mídia em minhas mãos
e com meia dúzia de palavras modernas e bem arranjadas sobre democracia, não
tem para ninguém. É só esperar o dia e esse povo todo contente e feliz vota em
mim. Vota em que eu mando.
Ô
povo ignorante! Dia desses fui contrariado porque alguns fizeram greve e
invadiram uma parte da cozinha de uma das Casas Grande. Dizem que greve faz
parte da democracia e eu teria que aceitar. Aceitar coisa nenhuma. Chamei um
jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã, e dei um pé na
bunda desse povo.
Na
polícia, mandei os cabras tirar de circulação pobres, pretos e gente que fala demais em
direitos. Só quem tem direito sou eu. Então, é para apertar mais. É na chibata.
Pode matar que eu garanto. O povo gosta. Na educação, quanto pior melhor. Para
quê povo sabido? Na saúde...se morrer “é porque Deus quis”.
Às
vezes sinto que alguns poucos escravos livres até pensam em me contrariar. Uma
afronta. Ameaçam, fazem meninice, mas o medo é maior. Logo esquecem a raiva e
as chibatadas. No fundo, eles sabem que eu tenho o poder e que faço o
quero. Tenho nas mãos a lei, a justiça,
a polícia e um bando cada vez maior de puxa-sacos.
O
coronel de outros tempos ainda mora em mim e está mais vivo que nunca. Esse ser
coronel que sou e que sempre fui é alimentado por esse povo contente e feliz
que festeja na senzala a minha necessária existência .”
rapaz tamo voltando a ditadura militar pqp,tamu e fudido.
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