Um policial militar lotado no município de Baturité, a 93 quilômetros
de Fortaleza, foi detido na Capital suspeito de falsificar certificados
de uma instituição de ensino profissionalizante. A prisão em flagrante
ocorreu na manhã de ontem, em Messejana.
Hiago Cavalcante Guimarães, 22, visitou uma gráfica e solicitou que um
funcionário reproduzisse um carimbo. Ele apresentou o certificado de
conclusão de curso e pediu que o carimbo fosse exatamente igual ao do
documento, inclusive utilizando a mesma tinta.
O pedido de Hiago chamou a atenção do proprietário do estabelecimento,
que procurou a unidade profissionalizante para saber se realmente
existia o interesse em produzir o carimbo. O empresário foi surpreendido
pela coordenação ao saber que Hiago não estava no local a mando da
instituição de ensino.
O carimbo que o soldado pediu para confeccionar possuía o nome do
coordenador da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do
Estado do Ceará (Secite-CE), Ricardo da Costa Silva e Lima. De acordo
com titular do 6º DP (Messejana), delegado Osmar Berto, para emitir
certificados de cursos profissionalizantes é necessária a assinatura do
coordenador da Secite-CE. O objetivo de Hiago seria utilizar o nome do
coordenador para que os certificados aparentassem validade.
A equipe do 6º DP foi até a gráfica na manhã de ontem e esperou que o
policial recebesse o carimbo, mas abordou o rapaz do lado de fora do
estabelecimento, onde ele recebeu voz de prisão. Segundo o delegado
Osmar Berto, o policial disse, durante uma conversa informal, que iria
entregar o carimbo a um receptador, que vendia esses certificados por R$
600.
Durante o depoimento, porém, o policial mudou a versão do caso e disse
que recebeu o certificado de um vendedor ambulante no Centro de
Fortaleza para que fosse confeccionar o carimbo na gráfica, sem receber
nenhuma quantia em troca. Hiago foi autuado em flagrante pelo artigo 296
do Código Penal Brasileiro, que caracteriza a falsificação de selo ou
sinal. A pena para quem é condenado pelo crime é de dois a seis anos de
reclusão.
Falsificações
No momento em que a gráfica entrou em contato com a unidade de ensino,
os gestores da instituição de ensino profissionalizante deixaram claro
que se tratava de um golpe e citaram casos recentes em que pessoas
estariam confeccionando certificados, como o de uma mulher, em
Fortaleza, que vendia documentos de conclusão de ensino em escolas
públicas por R$ 150.
O delegado também relembrou outro caso, que também ocorreu em
Messejana, quando o funcionário de uma empresa estaria fraudando
atestados para faltar o trabalho com o nome da médica de uma Unidade de
Pronto Atendimento (UPA). A fraude só foi descoberta pois o trabalhador
apresentou quatro atestados seguidos e o proprietário da empresa
percebeu que havia algo de errado, entrando em contato com a unidade de
saúde, e descobrindo assim que a médica não assinou nenhum dos
atestados. O estelionatário foi identificado e detido pela equipe da
Polícia Civil.
O delegado ainda disse que a prática vem se tornando comum, pois
existem funcionários que não querem ser demitidos por justa causa e
passam a emitir vários atestados médicos. Segundo Berto, para o
estelionatário, essa é uma maneira de garantir direitos trabalhistas. Da
mesma forma, o uso de certificados falsificados tem aumentado. O
delegado ressalta que deve entrar em contato com todos os envolvidos no
caso do policial, inclusive a instituição de ensino, para colher
depoimentos.
Jéssika Sisnando
Especial para Polícia
Especial para Polícia
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário