CAMPANHA
NACIONAL DO DESARMAMENTO: O CIDADÃO FAZ SUA PARTE, MAS COMO OBRIGAR O BANDIDO A
FAZER A DELE?
Está
lá no Portal Brasil e do Ministério da justiça, desde o começo da campanha mais
de 600 mil armas foram entregues pelos cidadãos que querem ter um País onde
Segurança Pública seja levada a sério. Neste ano já foram quase 8 mil. E na
semana que passou, 1022. O Ceará, que na semana anterior tinha entregue 8 armas, desta
vez liderou o ranking com 109 armas.
No
Brasil, desde o início do ano até hoje, a Bahia lidera o número de armas
recolhidas. E a campanha segue firme e forte com 2.107 postos de entrega em
todo o Território Nacional.
Mas
esses números, que parecem animadores, são ofuscados por outros números, que também
parecem animadores, mas para os olhares mais atentos revelam um cenário oculto
de tráfico de armas, que, certamente, não é feito por qualquer pessoa do povo.
Todos
os anos há as polícias estaduais do Ceará, por exemplo, entusiasma a população
nas redes de comunicação dizendo que houve um aumento no número de apreensão de
armas em relação ao ano anterior. Isso, a priori, faz com que pensemos que a
polícia está trabalhando muito bem, e a cúpula da Segurança Pública se satisfaz
em mostrar números e mais números para dizer aos cearenses que eles estão
fazendo a coisa certa. Mas aí é onde eu faço questionamentos importantes.
Se
todos os anos está tendo número de apreensões recordes é porque está entrando
mais arma de fogo no Ceará e indo direto para as mãos dos bandidos. De onde
estão vindo essas armas? O que está sendo feito para investigar quem está
trazendo, ou quem está envolvido com esse tipo de tráfico?
Notam
como mal se fala em tráfico de armas no Ceará?
O
tráfico de armas de fogo é o negócio criminoso mais lucrativo do Mundo. E hoje
só perde para o tráfico de drogas em termos de crescimento. Se assim é em todo
o mundo, por que não seria aqui no Ceará? Ou melhor, no Brasil?
Uma
polícia eficiente faz com que diminuam os números de criminalidade. O fato das
autoridades mostrarem sempre o aumento de número de apreensões de armas de fogo
em um local só mostra o quanto eles foram ineficientes no combate ao tráfico
que, certamente, existe por lá. Um fato importante é que na medida em que há o
aumento de armas de fogo no estado do Ceará, acompanha também o aumento do número
de crimes. No Estado citado o número de homicídios mais que dobrou nos últimos
dez anos. O que mostra que a maior parte dos crimes, principalmente contra a
vida, está sempre em sintonia com os tipos de tráficos, que interagem entre si.
Exemplo: o viciado que não paga o traficante, que tem uma arma (ou várias)
perde a sua vida.
É
evidente que não está sendo feito algo de tamanho porte no Estado, pois a polícia judiciária que tem não tem
efetivo suficiente, nem equipamentos, nem estímulos, nem muito menos
independência para poderem fazer as investigações necessárias. O triste é que
vamos continuar ouvindo todos os anos o mesmo discurso jactancioso da cúpula do
Governo que alimenta esses números da violência enquanto o povo for alheio ao
verdadeiro significado do que é ter Segurança Pública.
Mas
enquanto isso não ocorre, o cidadão vai fazendo sua parte enquanto o bandido
investe na incompetência (ou omissão) das autoridades e vai continuar cometendo
seus crimes, e adivinha contra quem?
Non nobis Domine, non nobis,
sed nomini tuo da gloriam
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