quinta-feira, 16 de maio de 2013

Homicídios no ceará: Governo prefere perseguir policiais aos bandidos e mortes continuam aumentando sem controle



A reportagem que vocês veem no vídeo mostra, inquestionavelmente, o cenário de guerra em que se encontra o Estado do Ceará. Nos primeiros quatro meses do ano de 2013 foram registrados 1356 homicídios. Seiscentos e sessenta e dois só em Fortaleza, uma das sedes da Copa das Confederações e do Mundo. Os dados são da própria Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). É uma média de 11 homicídios por dia. Infelizmente, não termina por aí, para o nosso desespero. No dia 07 de abril o jornal O Povo divulgou que tivemos, também nesse mesmo período, 900 pessoas mortas por armas de fogo. O que dá uma média de 7 mortos a tiros por dia. A matemática parece nos mostrar bem o terror que nos coloca a cúpula da Segurança Pública do Estado do Ceará.

Para termos uma ideia do que estamos passando – e do que espera os turistas nos eventos futebolísticos por vir – o número total de homicídios em 2012 foi de 3565 (dados também da SSPDS divulgados pelo jornal O Povo de 11 de janeiro de 2013). Ou seja, somente nos quatro primeiros meses já vamos com mais da metade dos homicídios de todo o ano passado em todo o Ceará somente na Grande Fortaleza. Estamos às portas do mês de maio que, se compararmos os anos de 2011 e 2012, tende a ter um aumento na ocorrência desse tipo de crime.

No site da Tribuna do Ceará encontraremos um dado interessante sobre homicídios.

“Em Fortaleza e Região Metropolitana, apenas nos quatro primeiros meses de 2013 foram registrados 965 homicídios”. Com esses números, já atingimos a média de 40 homicídios por 100 mil habitantes em 2013. Numa projeção simples podemos atingir, até o final do ano, o número de 120 homicídios por um grupo de 100 mil habitantes. Com esse quadro, Fortaleza apresenta um estado de epidemia de homicídios.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma cidade que possui uma média acima de 10 homicídios por 100 mil é considerada em estado de epidemia. Fortaleza já supera o nível de epidemia de homicídios há algum tempo. Com 2,4 milhões de habitantes, Fortaleza registrou em 2008 a taxa de 36,6 homicídios por 100 mil habitantes; em 2009 caiu para 35; em 2010 houve um aumento para 45,9; em 2011 a taxa ficou em 43 e em 2012 equivale a 66 homicídios por grupo de 100 mil habitantes.” (08/05/2013)

Estamos numa epidemia de homicídios!

Vamos mais além. Na guerra Israel/Egito (1967-70) foram 2133 mortes por ano. No Ceará em 2013, como já foi dito, foram 3565.

No vídeo vemos claramente o descaramento do Major Alves, 3ª Cia do 5º BPM, que fala em surtir efeito, em longo prazo, as operações por ele feitas. Longo prazo? Põe longo nisso! Os métodos empregados são sempre os mesmos, a ocupação. Assim, bandidos migram de uma área ocupada e vão para outra, com o ciclo recomeçando daí.

Mas a política de Segurança Pública do Ceará surpreende muito mais! De janeiro a março deste ano foram 579 casos de assalto a ônibus. Um aumento de 394% em relação ao mesmo período do ano passado, e mesmo do ano de 2012 inteiro. E já imaginaram o porquê de não divulgarem os números de assaltos registrados no Ceará? Seria um susto absurdo!

O que está acontecendo com a Segurança Pública do Estado do Ceará?

Dentre as várias causas vamos destacar uma que põe em risco qualquer tipo de programa de governo, ou de Estado, que possa ser implantado. O Governador do Ceará decidiu declarar guerra contra os policiais militares. Há uma completa insatisfação dos militares com o Comandante da Corporação, Cel. Werisleik, e o Secretário de Segurança Pública, Francisco Bezerra. Isso ocorre por que o Governador Cid Gomes não cumpriu um acordo feito entre ele e os PPMM no ano de 2012  após uma paralisação da categoria. Para poder impor seu desejo de não se falar mais sobre isso o Comandante da Polícia Militar ( e acompanhando, o Comandante dos Bombeiros) resolveu perseguir todo e qualquer militar que tenha participado de movimentos por melhorias nas condições de trabalho. Ele deu ‘carta branca’ aos seus oficiais para que pudessem assediar, torturar e punir até o que não existe dentro dos muros dos quarteis. O resultado foi um aumento vertiginoso de licenças para tratamento de saúde, principalmente psicológico. Não satisfeito, o Cel. Werisleik Matias passou a transferir para os lugares mais longínquos do Estado os doentes da Capital. Mais ainda, por conta de uma reunião realizada no dia 3 de janeiro de 2013 ele decidiu demitir dezenas de policiais sob uma acusação caluniosa (os militares se reuniram para saberem como teria sido a última reunião entre seus representantes e a Administração, mas o Cel. Werisleik os acusou de estarem tramando outra paralisação).  Além disso, o aumento do número de policiais mortos por bandidos e o aumento no número de suicídios de policiais militares por conta de perseguição de superiores desestimulou ainda mais o policiamento ostensivo.

Outra forma de perseguir os policiais do Programa Ronda do Quarteirão foi a retirada de um terceiro homem da viatura. Resultado: o número de abordagens diminuiu.

Esse é o cenário que está formado para a Copa das Confederações. Policiais desmotivados, perseguidos, doentes e caluniados estão nas ruas prontos para decidirem como vão agir durante o evento sabendo que não têm o que perder se tentar.

                                      Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam

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