A reportagem que vocês veem no vídeo mostra,
inquestionavelmente, o cenário de guerra em que se encontra o Estado do Ceará.
Nos primeiros quatro meses do ano de 2013 foram registrados 1356 homicídios. Seiscentos e sessenta e dois só em Fortaleza, uma das sedes da Copa das
Confederações e do Mundo. Os dados são da própria Secretaria de Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS). É uma média de 11 homicídios por dia.
Infelizmente, não termina por aí, para o nosso desespero. No dia 07 de abril o
jornal O Povo divulgou que tivemos, também nesse mesmo período, 900 pessoas
mortas por armas de fogo. O que dá uma média de 7 mortos a tiros por dia. A matemática parece nos mostrar bem o terror que nos coloca a cúpula
da Segurança Pública do Estado do Ceará.
Para termos uma ideia do que estamos passando – e do que
espera os turistas nos eventos futebolísticos por vir – o número total de homicídios em 2012 foi de 3565 (dados
também da SSPDS divulgados pelo jornal O Povo de 11 de janeiro de 2013). Ou
seja, somente nos quatro primeiros meses já vamos com mais da metade dos
homicídios de todo o ano passado em todo o Ceará somente na Grande Fortaleza.
Estamos às portas do mês de maio que, se compararmos os anos de 2011 e 2012,
tende a ter um aumento na ocorrência desse tipo de crime.
No site da Tribuna do Ceará encontraremos um dado
interessante sobre homicídios.
“Em Fortaleza e Região Metropolitana, apenas nos quatro
primeiros meses de 2013 foram registrados 965 homicídios”. Com esses números,
já atingimos a média de 40 homicídios por 100 mil habitantes em 2013. Numa
projeção simples podemos atingir, até o final do ano, o número de 120
homicídios por um grupo de 100 mil habitantes. Com esse quadro, Fortaleza
apresenta um estado de epidemia de homicídios.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma cidade que possui uma média
acima de 10 homicídios por 100 mil é considerada em estado de epidemia. Fortaleza
já supera o nível de epidemia de homicídios há algum tempo. Com 2,4 milhões de
habitantes, Fortaleza registrou em 2008 a taxa de 36,6 homicídios por 100 mil
habitantes; em 2009 caiu para 35; em 2010 houve um aumento para 45,9; em 2011 a
taxa ficou em 43 e em 2012 equivale a 66 homicídios por grupo de 100 mil
habitantes.” (08/05/2013)
Estamos numa epidemia de homicídios!
Vamos mais além. Na guerra Israel/Egito (1967-70) foram 2133
mortes por ano. No Ceará em 2013, como já foi dito, foram 3565.
No vídeo vemos claramente o descaramento do Major Alves, 3ª
Cia do 5º BPM, que fala em surtir efeito, em longo prazo, as operações por ele
feitas. Longo prazo? Põe longo nisso! Os métodos empregados são sempre os
mesmos, a ocupação. Assim, bandidos migram de uma área ocupada e vão para
outra, com o ciclo recomeçando daí.
Mas a política de Segurança Pública do Ceará surpreende muito
mais! De janeiro a março deste ano foram 579 casos de assalto a ônibus. Um
aumento de 394% em relação ao mesmo período do ano passado, e mesmo do ano de
2012 inteiro. E já imaginaram o porquê de não divulgarem os números de assaltos
registrados no Ceará? Seria um susto absurdo!
O que está acontecendo com a Segurança Pública do Estado do
Ceará?
Dentre as várias causas vamos destacar uma que põe em risco
qualquer tipo de programa de governo, ou de Estado, que possa ser implantado. O
Governador do Ceará decidiu declarar guerra contra os policiais militares. Há
uma completa insatisfação dos militares com o Comandante da Corporação, Cel.
Werisleik, e o Secretário de Segurança Pública, Francisco Bezerra. Isso ocorre
por que o Governador Cid Gomes não cumpriu um acordo feito entre ele e os PPMM
no ano de 2012 após uma paralisação da
categoria. Para poder impor seu desejo de não se falar mais sobre isso o
Comandante da Polícia Militar ( e acompanhando, o Comandante dos Bombeiros)
resolveu perseguir todo e qualquer militar que tenha participado de movimentos
por melhorias nas condições de trabalho. Ele deu ‘carta branca’ aos seus
oficiais para que pudessem assediar, torturar e punir até o que não existe
dentro dos muros dos quarteis. O resultado foi um aumento vertiginoso de
licenças para tratamento de saúde, principalmente psicológico. Não satisfeito,
o Cel. Werisleik Matias passou a transferir para os lugares mais longínquos do
Estado os doentes da Capital. Mais ainda, por conta de uma reunião realizada no
dia 3 de janeiro de 2013 ele decidiu demitir dezenas de policiais sob uma
acusação caluniosa (os militares se reuniram para saberem como teria sido a
última reunião entre seus representantes e a Administração, mas o Cel.
Werisleik os acusou de estarem tramando outra paralisação). Além disso, o aumento do número de policiais
mortos por bandidos e o aumento no número de suicídios de policiais militares
por conta de perseguição de superiores desestimulou ainda mais o policiamento
ostensivo.
Outra forma de perseguir os policiais do Programa Ronda do
Quarteirão foi a retirada de um terceiro homem da viatura. Resultado: o número
de abordagens diminuiu.
Esse é o cenário que está formado para a Copa das
Confederações. Policiais desmotivados, perseguidos, doentes e caluniados estão
nas ruas prontos para decidirem como vão agir durante o evento sabendo que não
têm o que perder se tentar.
Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam
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