Ontem,
24, a Polícia Militar do Ceará completou 178 anos de existência. O que vimos são as
mesmas solenidades de sempre no Quartel do Comando Geral. Uma formatura com
entrega de medalhas (principalmente pra oficiais), poucas promoções de praças e
oficiais e os velhos ritos militares que, por sua beleza, só escondem o
verdadeiro clima de desânimo nos integrantes da Corporação.
Com
nove policiais demitidos da Instituição (alguns diretores de Entidades
Associativas, por conta de uma reunião) não se poderia cultivar clima de
alegria na solenidade oficial do Governo do Estado, que foi a tarde. As
demissões vêm de embates entre representantes da categoria e Administração. Um
acordo entre as duas partes, que deveria ter sido cumprido em três meses (que
Cid Gomes insiste em dizer que cumpriu) tem colocado frente a frente comandante
e comandados. Com isso, vieram inúmeras transferências de militares, inclusive
de pessoas incapacitadas (doentes), para os limites do Estado. E por conta de
uma reunião (ocorrida no dia 03 de janeiro), as demissões.
Reunir-se
é um direito constitucional, portanto que seja pacífica e que os participantes
não portem armas (isso foi garantido pela presença da tropa de choque no local
que abordaram policiais e familiares que foram marcar presença no evento). Porém,
os militares ainda são regidos por um Código de 1969 (CPM), que deveria já ter
sido revisto para se adaptar à Constituição Cidadã. Enquanto isso não ocorre
cabe ao judiciário corrigir essas distorções.
Porém,
parece que ninguém se interessa em reconhecer os militares como cidadãos!
A
intenção da Assembleia era de comunicar aos militares o que ficou acertado na
última reunião entre Governo e associações, que ocorreu em dezembro. A reação
do Comando Geral foi dizer que os policiais, e também bombeiros, estavam no
local para deliberarem uma greve. Mesmo não tendo apresentado provas dessa
acusação, nove PPMM foram condenados. Além disso, os policiais reclamam que
sofrem constantes perseguições dentro dos quarteis (três já se suicidaram esse
ano e contam-se nas redes sociais de várias tentativas, inclusive de uma
esposa).
Dentro
desse contexto surgem as esposas, que no último dia 12 fecharam a Companhia de
Eventos em pleno Clássico-Rei, que foram
protestar por seus maridos expulsos e transferidos. Mesmo marcando uma reunião,
que foi realizada também ontem, algumas mulheres foram ameaçadas de responderem
a processos e existe um Inquérito Policial aberto para apurar a conduta delas.
Com
esposas e maridos sendo tratados repressivamente por conta de um acordo que o
Governo não quer cumprir na íntegra fica difícil comemorar alguma coisa; principalmente
com a população, pois vemos os índices de violência aumentar exponencialmente.
Somente nos primeiros quatro meses do ano houve 1.356 mortes. Isto dá 11 por
dia. A Agência Brasileira de Inteligência já anunciou que “A capital do Ceará
é, hoje, a que ainda tem o maior índice de riscos altos - 11% -, basicamente
concentrados na criminalidade comum e no risco de ataques a turistas” (Tribuna
do Ceará).
Atualmente,
a política de combate à violência não tem sofrido mudanças profundas. Com o
advento do Programa Ronda do Quarteirão tentou-se implantar a filosofia de
polícia comunitária. Porém, o embate ideológico entre uma polícia humanizada e
que serve à população e uma militarizada e que vê o cidadão como inimigo a ser
combatido trouxe consequências que culminaram na revolta de policiais
politizados, muitos vindos de movimentos estudantis e sociais, que se veem como
partes do processo de transformação da História. Precisamos seguir o caminho das melhores
polícias do mundo, onde a prevenção é a alavanca que move a paz que os cidadãos
desejam. Continuamos com políticas repressivas de policiamento ostensivo.
Seis dos sete policiais militares demitidos presentes na solenidade |
Assim,
estamos diante de uma polícia com um regime retrógrado (militarista), com
profissionais reprimidos e desestimulados, mas com vontade de mudar o modelo ultrapassado
a que estão sujeitos. O que sobrou foi a homenagem feita na Câmara Municipal de
Fortaleza, feita por requerimento do Vereador Wagner Sousa, onde foi dado
destaque especial, com salva de palmas, para sete demitidos que lá se
encontravam.
Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam
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verdade pura, parabéns irmão! continue sendo a voz dos milhares injustiçados que não podem falar pela censura do militarismo (LIMITARISMO).
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