sábado, 25 de maio de 2013

Polícia Militar do Ceará completou 178 Anos – mas comemorar o que mesmo?


Ontem, 24, a Polícia Militar do Ceará completou  178 anos de existência. O que vimos são as mesmas solenidades de sempre no Quartel do Comando Geral. Uma formatura com entrega de medalhas (principalmente pra oficiais), poucas promoções de praças e oficiais e os velhos ritos militares que, por sua beleza, só escondem o verdadeiro clima de desânimo nos integrantes da Corporação.

Com nove policiais demitidos da Instituição (alguns diretores de Entidades Associativas, por conta de uma reunião) não se poderia cultivar clima de alegria na solenidade oficial do Governo do Estado, que foi a tarde. As demissões vêm de embates entre representantes da categoria e Administração. Um acordo entre as duas partes, que deveria ter sido cumprido em três meses (que Cid Gomes insiste em dizer que cumpriu) tem colocado frente a frente comandante e comandados. Com isso, vieram inúmeras transferências de militares, inclusive de pessoas incapacitadas (doentes), para os limites do Estado. E por conta de uma reunião (ocorrida no dia 03 de janeiro), as demissões.

Reunir-se é um direito constitucional, portanto que seja pacífica e que os participantes não portem armas (isso foi garantido pela presença da tropa de choque no local que abordaram policiais e familiares que foram marcar presença no evento). Porém, os militares ainda são regidos por um Código de 1969 (CPM), que deveria já ter sido revisto para se adaptar à Constituição Cidadã. Enquanto isso não ocorre cabe ao judiciário corrigir essas distorções.

Porém, parece que ninguém se interessa em reconhecer os militares como cidadãos!

A intenção da Assembleia era de comunicar aos militares o que ficou acertado na última reunião entre Governo e associações, que ocorreu em dezembro. A reação do Comando Geral foi dizer que os policiais, e também bombeiros, estavam no local para deliberarem uma greve. Mesmo não tendo apresentado provas dessa acusação, nove PPMM foram condenados. Além disso, os policiais reclamam que sofrem constantes perseguições dentro dos quarteis (três já se suicidaram esse ano e contam-se nas redes sociais de várias tentativas, inclusive de uma esposa).

Dentro desse contexto surgem as esposas, que no último dia 12 fecharam a Companhia de Eventos  em pleno Clássico-Rei, que foram protestar por seus maridos expulsos e transferidos. Mesmo marcando uma reunião, que foi realizada também ontem, algumas mulheres foram ameaçadas de responderem a processos e existe um Inquérito Policial aberto para apurar a conduta delas.

Com esposas e maridos sendo tratados repressivamente por conta de um acordo que o Governo não quer cumprir na íntegra fica difícil comemorar alguma coisa; principalmente com a população, pois vemos os índices de violência aumentar exponencialmente. Somente nos primeiros quatro meses do ano houve 1.356 mortes. Isto dá 11 por dia. A Agência Brasileira de Inteligência já anunciou que “A capital do Ceará é, hoje, a que ainda tem o maior índice de riscos altos - 11% -, basicamente concentrados na criminalidade comum e no risco de ataques a turistas” (Tribuna do Ceará).

Atualmente, a política de combate à violência não tem sofrido mudanças profundas. Com o advento do Programa Ronda do Quarteirão tentou-se implantar a filosofia de polícia comunitária. Porém, o embate ideológico entre uma polícia humanizada e que serve à população e uma militarizada e que vê o cidadão como inimigo a ser combatido trouxe consequências que culminaram na revolta de policiais politizados, muitos vindos de movimentos estudantis e sociais, que se veem como partes do processo de transformação da História.  Precisamos seguir o caminho das melhores polícias do mundo, onde a prevenção é a alavanca que move a paz que os cidadãos desejam. Continuamos com políticas repressivas de policiamento ostensivo.

Seis dos sete policiais militares demitidos presentes na solenidade
Assim, estamos diante de uma polícia com um regime retrógrado (militarista), com profissionais reprimidos e desestimulados, mas com vontade de mudar o modelo ultrapassado a que estão sujeitos. O que sobrou foi a homenagem feita na Câmara Municipal de Fortaleza, feita por requerimento do Vereador Wagner Sousa, onde foi dado destaque especial, com salva de palmas, para sete demitidos que lá se encontravam.

                               Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam

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Um comentário:

  1. verdade pura, parabéns irmão! continue sendo a voz dos milhares injustiçados que não podem falar pela censura do militarismo (LIMITARISMO).

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